( Antonio Villeroy )
O sol que acorda em mim
desfaz a bruma de um querer perdido
que ficou pra trás
essa alguma coisa
que sonhada
Um dia tinha os olhos de um narciso e só
foi perdendo a cor
por ela mesma não saber manter-se
por girar em torno de si mesma
em redemoinho
não sabendo ver
e ater-se
no que lhe queria e tanto
foi voltando a ser-se em si e só
quem iria lamentar
ninguém talvez
nada disso me faria falta
ao virar da chave
que por fim virei
rumo agora o barco em busca de outro encantamento
que esse já não serve mais
por que?
somente por saber
que ali na frente não havia nada
tudo cena
pra ocultar-se
pra esconder vazio
tateei em vão
em busca
do que dela imaginava
e acordei
na areia
o mar
deserto
passos
meus
pegadas
de um ser qualquer
que ali passou
as cores
espalhadas
vicejando o vácuo
era o que eu sentia
já pela manhã
e saber que ela
só
miragem era
e que agora ali se esvai
como eu mais de uma vez
teria acreditado ser real
e fora nada
sempre nada
e assim será
e só agora eu sei
que não a buscarei
que é maia
e abro o coração
pra essa outra
que está por chegar
.