Uma sombra que da pedra ...




( Antonio Villeroy )


Uma sombra
que da Pedra envelopada
projetou da Gávea o seu perfil de esfinge. 


Uma luz que de repente surge 
e quase tudo apaga
vem bater num prédio
e refletir nas águas 
onde o azul lhe tinge



Duas ilhas abraçando o sol 
que se liquefaz ao juntar-se ao mar


é o Rio de São Sebastião 
que estende a guia pra 
cumprir seu dia e fazer magia com o que Deus lhe dá.     



Um peixe no asfalto ...

( Antonio Villeroy )






Um peixe no asfalto
gaivotas sobrevoam o mar
que se bate 
a espuma que vem da lagoa
parece um céu visto de cima
a visão do astronauta
sobre uma Terra já não tão azul
no estreito do olho


chega-se à luz do real
nada pictórica
o marrom do esgoto com pet
e tintura
pedaços de papel
que voltaram a ser pasta disforme




tudo sem nome
tudo sem nada
tudo sem água



que portabilize essa cena
resta o estourar das ondas na pedra
e o escuro do céu que se azula
à sombra do pássaro


visões do sublime
mas nada de belo aparece
em meio a essa tarde




.

O sol que acorda em mim ...


( Antonio Villeroy )


O sol que acorda em mim

desfaz a bruma de um querer perdido
que ficou pra trás

essa alguma coisa
que sonhada 


Um dia
tinha os olhos de um narciso e só

foi perdendo a cor
por ela mesma não saber manter-se

por girar em torno de si mesma
em redemoinho

não sabendo ver
e ater-se 
no que lhe queria e tanto
foi voltando a ser-se em si e só

quem iria lamentar
ninguém talvez

nada disso me faria falta
ao virar da chave
que por fim virei

rumo agora o barco em busca  de outro encantamento
que esse já não serve mais

por que?

somente por saber
que ali na frente não havia nada


tudo cena
pra ocultar-se
pra esconder vazio

tateei em vão
em busca
do que dela imaginava

e acordei
na areia
o mar
deserto

passos
meus
pegadas 
de um ser qualquer
que ali passou

as cores
espalhadas
vicejando o vácuo

era o que eu sentia
já pela manhã

e saber que ela 
só 
miragem era

e que agora ali se esvai


como eu mais de uma vez
teria acreditado ser real

e fora nada
sempre nada
e assim será

e só agora eu sei
que não a buscarei
que é maia

e abro o coração
pra essa outra 
que está por chegar


 .

Novidades, novos projetos.

Antonio Villeroy está animado com as novidades, novos trabalhos e planos. Com um post disse aos amigos do Facebook alguns dos seus novos planos. Confira abaixo, nas palavras dele mesmo as novidades, a agenda e tudo mais.




"Essa semana parto para diversas viagens. Amanhã sigo para Brasília, para uma reunião com o Embaixador do Congo Belga.

Volto na terça e quarta embarco para Nova Iorque.

No final de semana, começo um novo DVD, com direção de Renato Falcão.

É um DVD sobre o processo de composição com diferentes artistas de várias partes do Mundo.

Começo no final de semana compondo em parceria com Jesse Harris. Quando terminarmos a canção gravamos as vozes e violões num estúdio de lá.

Na terça, 19, participo (e Maria Gadu também) de um show do Jesse numa casa de shows chamada Le Poisson Rouge.

http://www.jesseharrismusic.com/

http://lepoissonrouge.com/calendar


Dia 20, faço um show na casa Brasil, de NY.

Dia 22 sigo para Paris, onde vou encontrar Lokua Kanza e alguns compositores franceses.

O Lokua é congolês e por isso dia 28 viajamos para Kinshasa, capital do Congo Belga, para finalizarmos a canção, gravando logo em seguida em um estúdio de lá com participações de outros músicos locais.

http://www.lokua-kanza.com/

O Falcão, que depois de fazer a direção de fotografia de RIo e agora faz a de A Era do Gelo 4, estará sempre junto e registrando tudo.

Da viagem enviarei um diário, como fiz na gravação do CD José, com fotos e textos, etc.

Bom domingo e boa semana para todos.
Beijones"               

O por de sol e as curvas que o avô gostava.


O por de sol e as curvas que o avô gostava por Antonio Villeroy




Meu avô Zeca sentava 
no portal da casa
e ficava olhando na calçada 
o desfilar da rua

Passava Zezo que vendia loteria
Passava um outro que vendia cardeal
vez em quando vinha o homem da galinha
que vô Zeca arrematava pro quintal

São tão vivas as lembranças desses dias
eu olhando pelo olhar de meu avô
o entra e sai no revisteiro e na farmácia
o afiador com seu apito e seu "chapeau"

o velho recoberto pelo talco
a mocinha com carrinho de bebê
a mendiga moribunda
qualquer coisa lhe deixava interessado
sua forma de pensar era profunda

mas de tudo o que passava em seu quadrado 
o que de melhor caia em seu agrado 
era o belo balançado de uma bunda

Hoje quando pego a bicicleta
e saio em devaneios pelo vento
volta e meia me recordo, desse avô 
guardado em pensamento além do tempo

Sigo pela praia de Ipanema
que, em criança, eu já sonhava
tão distante
lá no pampa 
imaginava essa paisagem
onde vim parar depois de andar errante

E o sol se põe
e o céu repõe em seu tecido
o repicar de estrelas que já são cativas
e as recebe com recortes dessa luz 
que o sol envia pelo mar em cores vivas

Às vezes, vou sozinho e me contento 
com a beleza 
que diante a mim se insatala
nuvens, brisa, cheiros 
me permeiam
tudo me seduz e a mim me fala

mas não nego o gene que me foi legado
nem as coisas que aprendi na minha infância
e o mundo fica bem mais encantado
se uma bela me balança a sua trança





Ma soeur, la lune de Antonio Villeroy

Sous le signe de cancer 

je connais bien la lune 

ses mensonges

ses mystères 

l'influence q'elle a sur mes fluides 

la façon de bouger

mes liquides

l'attraction qu'elle exerce sur la mer

comme les femmes

je sens q'elle fait

les tempêtes qui troublent mon cœur